Há um milhão de anos atrás, nas décadas de 1980 e 1990, algumas revistas bacanas de música bacana tinham o saudável hábito de anexar em suas edições fitas cassete, vinis e posteriormente CDs com coletâneas, raridades e, claro, novidades contidas em suas páginas.

O semanário inglês New Musical Express encabeçava essas publicações, e entre tantas outras fitinhas que a revista vendeu, umas delas é bem conhecida de quem é ligado no tal indie rock que brotava no submundo musical ali pela metade dos anos 80.

O vigésimo terceiro cassete apresentado pelo periódico chamava-se C86, e trazia 23 bandas fresquinhas da igualmente fresquinha cena de guitarras inglesa, que rapidamente foi batizada – e englobou todos esse grupos, por maiores que fossem as diferenças musicais entre eles- de twee pop.

Responsáveis pela compilação, os jornalistas Roy Carr, Neil Taylor e Adrian Thrills entraram em contato com alguns selos – (a lendária) Creation, Subway, Dreamworld e outros – para conseguir faixas novas de bandas então desconhecidas como Primal Scream, Wedding Present, Mighty Lemon Drops e Soup Dragons e assim compor a coletânea. Depois foi só fechar uma semana de shows com os grupos no Institute of Contemporary Arts de Londres para promover a fita e pronto. Sucesso garantido. Ou não.

Havia muitos detratores da classe de 86, alegando as mais variadas razões para fazê-lo (imagine se fosse hoje, com o Fuckbook…hahahaha). Alguns acusavam a NME de querer forjar artificialmente uma cena ou um subgênero musical, outros diziam que a C81 (sim, há uma predecessora da C86) era mais abrangente, abraçando de forma mais ampla o espírito de sua época, enfim, a lista de contras é longa.

Essas tretas renderam todo o tipo de textos que se possa imaginar no decorrer dos anos, mas o tempo e a história acabaram provando a importância do cassete para o rock lado B que viria dali em diante. Mesmo que o termo indie tenha se tornado uma praga e hoje sirva para englobar todo tipo de rock pau mole – e isso é sim culpa da NME e similares – há 30 anos era um rótulo do qual se orgulhar.

Abaixo está a mítica C86 quase na íntegra. As duas faixas que faltam vêm logo na sequência. Boa viagem!

 

 


9 respostas para “Os 30 Anos Do Mítico Cassete C86, Da NME”.

  1. […] psicodelia e dream pop. Tem Spacemen 3 pra cacete ali, tem Slowdive, tem My Bloody Valentine, tem C86, tem sim Velvet Underground e tem uma cagada desnecessária, a cover de “A day in the […]

  2. […] suas referências musicais sobre a sonoridade majoritariamente pós-punk da banda. Era a época da C86, a influência sessentista gritava e Shields sabia perfeitamente o que absorver […]

  3. […] – e suas quatro canções são ao mesmo tempo semente e sequência natural do twee pop da C-86, aquela mistura de punk rock bubblegum, pós-punk, doçura sessentista e Velvet Underground – […]

  4. […] de seus pares, o grupo nasceu no começo da década perdida para florescer durante a explosão da chamada C-86 e nos anos seguintes influenciar um sem número de outras […]

  5. […] de compêndio musical de duas paixões antigas que ajudaram a formar meu caráter, o jangle pop da C-86 e o mundo de sonhos distorcidos do shoegaze/dream pop. Simples […]

  6. […] a vigésima-terceira fita cassete compilada pela NME lançada em 1986 e batizada simplesmente como C-86, falei que alguns críticos e/ou afins a gongaram afirmando algo como ‘fita boa foi a C-81 […]

  7. […] este monte de disquinhos nas prateleiras indie e já encapsulados na C-86 os Dragons assinaram um contrato com a Sire, que muito esperta juntou quase tudo que a Raw TV tinha […]

  8. […] 1981 a NME junto a Rough Trade lançou a compilação C-81, em 1986 a C-86, e se você procurar por aí vai achar uma porção de ‘C-qualquer-ano’ contendo faixas […]

  9. […] (hahaha) com 36 faixas que fazem uma ligação imaginária – ou nem tanto – entre a C-86 e Belle and […]

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