Um amigo querido perguntou recentemente naquela rede social azul qual banda mais escutei em 2022, e a resposta veio quase tão automática quanto a de um bot: seablite. Mesmo não usando serviços de stream que montam aquela retrospectiva que ninguém quer ver, tenho certeza absoluta que Grass stains and novocaine foi o álbum que mais rolou em meus fones, superando clássicos sagrados e discos recém lançados. E por que, talvez você me pergunte.
A resposta é tão automática quanto a de um bot: porque as 11 canções que compõem este debute do quarteto de San Francisco são uma espécie de compêndio musical de duas paixões antigas que ajudaram a formar meu caráter, o jangle pop da C-86 e o mundo de sonhos distorcidos do shoegaze/dream pop. Simples assim.
A música composta pelas doces vozes de Lauren e Galine, a guitarra da ex-Wax Idols Jen Mundy e as baquetas aceleradas de Andy Pastalaniec (ex-Cruel Summer e atualmente também à frente do sensacional Chime School, que em breve aparece por aqui) tem exatamente o som, a forma, o gosto, o cheiro, tudo dessa mistura. Pode pensar em My Bloody Valentine circa Isn’t anything colidindo com Shop Assistants ou Lush esbarrando com Tiger Trap, sei lá. Ou melhor, sei sim, só não consigo fazer boas comparações.
De qualquer jeito, mesmo com minhas referências nem sempre tão pertinentes, recomendo aumentar o volume e escutar Grass stains and novocaine no talo. Talvez, apenas talvez, você também se apaixone por ele e pelo seablite.
Fim da transmissão. Segura a trip!
PEQUENOS CLÁSSICOS PERDIDOS 