Quando o Amusement Parks on Fire surgiu, lá em 2004, a internet no Brasil ainda era um grande matagal e não havia, mundo afora, o propalado ‘renascimento do shoegaze’ ou qualquer merda que o valha. O que havia era um sem número de blogues bacanas onde era possível descobrir e baixar muita música, de clássicos contemporâneos a velharias desconhecidas e, claro, uma porção de novidades vindas dos subterrâneos roqueiros – onde até hoje está o creme de la creme, então…
Nesse contexto eu descobri a banda do quase adolescente Michael Feerick e seu primeiro e homônimo álbum, lançado em 2005. Gostei daquilo que ouvi, e gostei mais ainda do segundo disco, Out of angels, que veio no ano seguinte; melhor gravado, com mais tempero shoegaze no caldo servindo como base para a voz docinha de Feerick (que me lembrava um tanto a de Daniel Johns – sim, aquele do Silver Chair – mas com sotaque inglês). Em 2010 o então quarteto deu sequência à carreira com um trabalho mais pop, Road eyes, e um tempo depois, quando achei que iam decolar, sumiram.
Não sei ao certo o que aconteceu, se foi o ‘quase sucesso’, mas entraram num hiato que durou até o ano passado, quando ressurgiram com um single chamado Our goal to realise e o retorno a uma sonoridade mais próxima ao que, a meu ver, deveriam ter feito após o segundo álbum. O lado B com “Black beacon side”, em especial, é bem foda. Em abril deste ano engataram mais um lançamento pela ótima Saint Marie Records, All the new ends, um belo EP que vai do pop ao puro sonho barulhento e fecha com os 12 minutos da guitarrenta “Infernal flame” e sua pegada à “Greater power”, do Chapterhouse.
Se seguirem em frente por esse caminho certamente teremos em breve um grande disco. Por enquanto fica a prova de que às vezes a palavra ‘amadurecimento’ cai bem. Ouça e ateste.
PEQUENOS CLÁSSICOS PERDIDOS 