
O que dizer sobre Dylan Baldi, esse menino de 25 anos que nem conheço pessoalmente e considero tanto? Queria trombar com ele um dia lá pelas ruas de Cleveland ou aqui pelas quebradas de SP, sentar e tomar umas geladas, falar da vida e descobrir porque ele ama tanto o rock dos anos 90. Influência familiar, tipo irmã mais velha ou mãe?
Porque desde que montou o Cloud Nothings o que ele faz é trazer para o século XXI a porra toda que fazia a mim e a tantos amigos sacudir a cabeça e o esqueleto em porões sujos pelas madrugadas paulistanas, andando atrás de garotas com saias xadrez e coturnos e tentando descolar qualquer substância ilegal para misturar com álcool e barulho.
Se no início de sua ‘carreira oficial’ Baldi – talvez por influência do produtor Steve Albini – flertou um bocado com riffs pesados de hard rock e mais ainda com o punk torto (que por sua vez juntos praticamente inventaram o grunge), com o passar dos anos o rapaz vai cada vez mais em direção aos citados 90’s e a várias vertentes do chamado rock alternativo de então.
Você pega tudo que ele vem fazendo desde Here and nowhere else e ouve referências que vão de Superchunk a Sunny Day Real Estate, de Seaweed a Weezer, e o resultado é invariavelmente foda.
Life without sound, quarto disco de estúdio do Cloud Nothings é mais um prato cheio desse rango que aprendemos a apreciar há vinte e tantos anos atrás, mas que não tem cheiro nem gosto de mofo. Lançado via Carpark no final de janeiro, o álbum traz 9 faixas diretas, sem firulas ou enfeites; riffs simples, distorções, berros e punch (quase sempre) acelerado são a receita do biscoito, primeiro lançamento que ouvi neste ano e por isso a primeira novidade a rolar por aqui em 2017.
Ouça alto!

