Conheci o quarteto feminino Melenas em algum ponto do nebuloso 2020, quando haviam acabado de lançar seu segundo disco, Dias raros. Foi amor á primeira audição, e logo fui atrás do debute homônimo das espanholas que saiu em 2017 e serviu para consolidar meus sentimentos em relação a Oihana, Maria, Leire e Laura; aquele jangle acelerado e barulhento herdado da C-86 e adjacências me pegou pelo coração, mas como tantas outras paixões da época esta também foi engolida pelo caos pandêmico. E assim o tempo passou.

Até que no final do ano passado o algoritmo agiu a favor do resgate deste amor e assim descobri Ahora, terceiro álbum das gurias lançado em setembro pelo selo de Chicago Trouble in My Mind. E tão grande quanto a surpresa pelo disco em si, foi escutá-lo.

Ao que parece durante o intervalo entre um trabalho e outro as Melenas mergulharam fundo nas viagens menos experimentais do Stereolab, de suas crias (de Broadcast a Dummy) – e quem sabe no kraut que influenciou a todos eles – para com essas e outras influências dar vida as 10 canções que compõem Ahora.

As guitarras ainda estão aqui, mas não são mais as mesmas (risos) e chegam acompanhadas por texturas sintetizadas e outros blips e blóins eletrônicos vindos direto da new wave/pós-punk (no disco há uma música chamada “1986” e em 2021 elas fizeram uma cover de “Eisbaer”, clássico de 1981 dos suecos Grauzone). Este resgate oitentista é o que citei no parágrafo anterior como ‘outras influências’ (risos).

Essa guinada na sonoridade poderia ter ficado uma grande merda, mas as Melenas tem o borogodó e a julgar por este álbum sabem fazer boa música independente de qual caminho sigam. Numa prateleira virtual/imaginária do PCP Ahora estaria ao lado de outro preferido da casa igualmente cantado em espanhol, a estreia da ex-dupla Pegasvs.

Que em 2024 também não tenhamos medo de mudar.

Ouça no talo!

 


Deixe um comentário