O Ride surgiu durante a explosão do shoegaze no final dos anos 80 e já em 1990 cravou seu nome entre os grandes da cena que se auto celebra quando lançou o clássico Nowhere. Como todo bom disco do gênero, ele é carregado nas distorções, mas junto às cascatas de guitarra há uma grande influência do pop ensolarado sessentista, mas falar isso é discorrer sobre o óbvio.
No álbum seguinte, Going blank again, as vozes de Mark Gardener e Andy Bell estão ainda mais claras, a banda está ainda mais melódica, e o quarteto de Oxford já dava pistas de que talvez não seguisse olhando pros sapatos e sim para quase 30 anos no passado. A história poderia acabar aqui, em 1992, mas nos 4 anos seguintes eles se agarraram de vez a essa ‘vibe’ com um disco totalmente Byrds e outro que não merece comentários. Corta pra 2017.
Weather diaries, novo álbum do Ride, produção de Erol Alkan, mixagem de Alan Moulder. ‘Meu deus, já são 21 anos desde a porcaria que é Tarantula, não vou ouvir essa porra, me recuso. Ok, talvez seja razoável como o M B V, um ótimo catadão como o Damage and joy, enfim, esses gazer tiozão só querem dinheiro blá blá blá’. Assim foi a conversa entre eu e meu cérebro quando o disco saiu; levei uns 3 meses pra ouví-lo e quando o fiz foi ‘nossa, que disco do caralho’.
Nas 11 músicas do álbum o Ride condensou o que fez de melhor nos dois primeiros trabalhos. Guitarras derretidas em melodias iluminadas, vocais harmônicos, ótimas letras, punch e leseira onírica, e o melhor de tudo isso: sem soar como um mero reboot dos anos noventa. De todos os álbuns ‘de retorno’ das bandas clássicas de shoegaze e afins, meu preferido até agora.
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