
Certa vez escrevi que o Cocteau Twins é uma banda ímpar não só pela música que criaram durante a década de oitenta (e começo da seguinte), mas também por agradar pessoas díspares e aparentemente sem nada em comum – como um ex-professor de semiótica dos tempos de faculdade e minha ex-mulher, por exemplo.
A banda de Liz Fraser e Robin Guthrie é mesmo assim, capaz de arrancar suspiros de góticos deprimidos a chapados em distorção, sempre atmosférica, etérea, quase dispersa.
Garlands, primeiro disco do trio (à época ainda com o baixista Will Heggie), não agrada tanto a crítica quanto a quem o ouve sem pareceres técnicos, comparações ou o que o valha.
Muito devido às linhas de baixo de Heggie, ‘pós punk demais’; pela ‘repetição’ de Guthrie na guitarra; e também por Fraser ‘não explorar todo o potencial que mostraria nos álbuns seguintes’. Balelas de críticos, claro.
Ao mesmo tempo sombrio e sexy, Garlands – que em 2012 completa 30 anos – é na verdade a base (assim como Psychocandy) para muito do que foi feito no rock de guitarras distorcidas nos anos seguintes, do dream pop ao shoegaze dos anos 90. Pergunte a Kevin Shields e ele provavelmente lhe dirá.
Essencial!

