Qualquer um que conheça minimamente a história do Bad Brains sabe da forte ligação da banda com o tchaca tchaca caribenho, e mais que isso, com a religião professada por Marley e tantos outros músicos do gênero, o rastafarianismo.
Na verdade, não fosse a influência rasta sobre HR lá no final dos anos 70, provavelmente os punks de Washington não teriam seguido em frente. O sempre insano vocalista da banda era viciado em heroína, e graças aos ensinamentos messiânicos de Haïlé Selassié (e outros fatores, como a amizade com Ian Mackaye), ele não sucumbiu à agulha…
Enfim, a paixão pelo reggae e o dub sempre pulsou nos álbuns do Bad Brains, mas foi só em 2002 que eles lançaram um disco inteiramente (ou quase, va lá) dedicado aos graves monstruosos, à guitarra tocada ao contrário, aos delays, metais e outras viagens características do ritmo enfumaçado que já pegou muitos punks pelo moicano – ou pelos dreads.
A voz de HR aqui só é ouvida em recortes, sampleada e cheia de ecos; o peso do disco vem do poder de fogo da banda na execução das faixas, sejam inéditas, sejam versões (“How Low Can a Punk Get?”, “Gene Machine”).
Agora aumente o volume, relaxe sua mente punk e flutue. Jah bless, no stress.