
Cinco anos após lançarem Build a nation, os avós do hardcore Bad Brains estão de volta, novamente com sua formação original e mais um disco onde mostram que após 30 e tantos anos de estrada continuam incendiários.
Into the future, que saiu em 20 de novembro via Megaforce Records, é a prova de que a música – em alguns casos – conserva mais que o formol.
Produzido pela própria banda (o anterior contou com o falecido MCA na produção), o álbum – obviamente – não vibra com a mesma intensidade dos três primeiros e essenciais trabalhos do quarteto de Washington, mas suas 13 faixas trazem a mesma fórmula usada por eles lá no início dos anos 80: hardcore, reggae, dub e ‘go for it’.
Segundo as palavras do baixista Darryl Jenifer, “Into the Future é a mais pura das gravações do Bad Brains desde a fita cassete na ROIR Records (de 1982), com um sentimento real de liberdade e experimentações musicais”. E mesmo com a idade e a natural perda do ‘punch’ daqueles tempos insanos, essa é realmente a trilha seguido pelo Brains neste novo disco.
As poderosas e chapadas incursões da banda pelo tchaca tchaca jamaicano estão presentes, claro – evocando agora ainda mais a cultura rastafári -, em canções como a instrumental e deliciosa “Maybe a joyful noise” e/ou nos dubs “Jah love” e “MCA dub”, esta última um remix de “Peace be unto thee”, homenagem a MCA, que além de produzir Build a nation era amigo dos membros da banda.
A pegada punk surge logo na faixa-título do álbum, mas os demônios são soltos verdadeiramente em momentos como “Youth of today”, “Suck sess” e “Come down”, onde – mesmo com H.R não soando mais como o porta-voz do caos e da histeria dos anos 80 – o Bad Brains imprime sua marca e velocidade, mostrando que ainda têm o o bom, velho e surrado hardcore correndo rápido nas veias.
Into the future pode não figurar em muitas listas de melhores álbuns do ano, mas se destaca em meio à enxurrada de discos de hardcore que varrem o mundo desde que…bem, desde que os próprios Brains o ajudaram a nascer.
Jah bless, Bad Brains.
