Bandas que saem de escolas de arte, centros culturais, ONGs e quaisquer outros lugares cabeçudos são ou muito chatas ou muito bacanas, sem meio termo. Na turma dos muito bacanas – pode pensar em Talking Heads, Japanther, No Age, Abe Vigoda, etc – o quarteto de Edimburgo (com base em Londres) Django Django merece definitivamente um lugar de destaque.
O vídeo acima é de “Default”, terceira e sensacional faixa do primeiro disco cheio dos escoceses (saídos da Escola de Artes de Edimburgo) e que musicalmente dá uma ideia (vaga, é bem verdade) do que é esse seu trabalho homônimo.
Django django, o álbum, saiu em algum ponto deste começo de 2012 pelo selo Because Music, e já é um dos discos do ano qui no PCP.
Por que, você deve me perguntar. Porque, direi eu, neste disco o Django Django conseguiu dar forma a uma mistura tão absurda de elementos – e de uma maneira natural, fluida – que colocá-lo como um dos álbuns do ano é o mínimo.
Entre “Hail bop” (a primeira) e “Silver rays” (a última), passam por baixo dessa ponte harmonias vocais à Beach Boys, violões folk, eletrônicos variados (de beats à nuvens de sintetizadores), indie rock, percussões, guitarras distorcidas, western, tudo sob uma camada quase palpável de psicodelia.
Django Django abre lembrando o Air, mas vai se transformando a cada nova música, numa metamorfose contínua, desconstruída, sem uma tag exata que possa marcá-lo.
Há também um quê de Beck em alguns momentos, mas a referência mais clara para este álbum é mesmo o essencial Beta Band (o baterista do Django Django, Dave Maclean, é irmão caçula do tecladista do BB, John). Mas isso é uma referência, não uma comparação.
Essa falta de padrões, regras ou amarras dá a este segundo disco do Django Django uma cara única no atual cenário musical, e coloca a banda um nível acima dos reles mortais. Soar assim, experimental e pop ao mesmo tempo, é coisa rara.
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