A despeito do nome, o Of Montreal não nasceu na homônima cidade canadense, e sim em Atenas, na Geórgia, sul dos EUA.

A banda é cria do seminal selo Elephant 6 (útero de bandas como Apples in Stereo, Olivia Tremor Control, Neutral Milk Hotel, etc), notório por parir e abrigar seres com uma forte tendência ao derretimento neuronal, o que no caso de Kevin Barnes – líder do Of Montreal – pode ser levado ao pé da letra.

Desde seus primeiros registros na metade dos anos 90 até agora o grupo vem mergulhando em várias trips, alternando boas e ruins, como em qualquer viagem de ácido, e chega a 2012 com outro produto do cérebro distorcido de Barnes.

Paralytic stalks sai pela Polyvinyl (mesma de Xiu Xiu, Deerhoof</a e Vivian Girls, entre muitos outros) em 07 de fevereiro – e no Brasil pela Vigilante – sucedendo (bem) False priest, de 2010.

Sem as presenças das hypadas neo divas Janelle Monáe e Solange Knowles – ambas no último álbum – Barnes extrapola em Paralytic stalks sua influência do mestre David Bowie, dando vazão às suas várias verves, mas sempre, sempre atolado na psicodelia.

A abertura com “Gelid ascent” lembra bastante outro herdeiro do Bowie, o Suede (lembra? So young, Animal nitrate), se Bret Anderson tomasse cogumelos ao invés de cocaína.

Entre essa pegada e o experimentalismo puro de “Exorcismic breeding knife” e da segunda metade de “Authentic pyrrhic remission”, que encerram o disco, muita chapação circula por suas 09 faixas.

Há grooves de funk e disco perdidos entre transes kraut/prog/lisérgicos – “Dour percentage”, quase Bee Gees; a espacial “We will commit wolf murder”; a mescla entre Prince e Kraftwerk de “Ye, renew the plaintiff”; o cabaré de “Wintered debts” – são provas de que o Of Montreal alinha muitíssimo bem a leseira freak com uma energia igualmente freak, desorientada.

Enquanto isso, “Malefic dowery”, preferida por aqui no momento, é meio tropicalista, meio bossa, totalmente chapada e com um ar (enfumaçado) de bicho grilagem, com direito a flauta e vibes altamente psicotrópicas.

Junte a isso tudo as letras bem pessoais e conflituosas de Barnes e está criado o panorama geral de Paralytic stalks, um álbum complexo através do qual é possível enxergar o mundo através do igualmente complexo prisma do líder do Of Montreal.

Recomendo!


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