
Começam os primeiros acordes de “Sunday morning” e de repente a cabeça está longe, flutuando para fora da camisa de força chamada rotina, da teia que nos prende aos milhares de compromissos do dia a dia e que acabam, por muitas vezes, nos enterrando sob uma montanha de preocupações.
A música que abre o primeiro disco do Velvet Underground talvez não represente o restante do álbum – um fracasso de crítica e vendas à época de seu lançamento, depois considerado com justiça um dos mais influentes e revolucionários de todos os tempos -, mas isso, como sempre, pouco me importa.
Minha longa relação com “Sunday morning” começou há tanto tempo que a memória insiste em não recordar. Mas felizmente cérebro e coração trabalham separadamente, e hoje, por coincidência na manhã de domingo em que se completam 50 anos de seu lançamento, abri os olhos e ela explodiu e se espalhou com o sangue pelo meu corpo, mais uma vez me tomando e levando a anos-luz dos limites sensoriais impostos pela vida.
Que todas as manhãs de domingo sejam assim, com o amor despertando e brilhando ao meu lado. Louvado seja o amanhecer…

