
Beck David Campbell, filho de hippies nascido em Los Angeles, 1970, é um cara fadado ao sucesso. Se não, como explicar o sucesso de Mellow gold, seu terceiro álbum e primeiro por uma major? Vejamos.
No disco, sucessor de One foot in the grave, Beck não foge muito do que vinha fazendo anteriormente; continua experimentando com tudo que lhe dá na telha, do hip hop ao folk, da psicodelia ao barulho, do country à baixa fidelidade. Ok, Mellow gold abre com “Loser”, que se tornaria um dos hinos dos anos 90, mas nele também há “Motherfucker” e “Steal my body home” por exemplo. E nem mesmo “Loser” é uma canção pop daquelas de encabeçar paradas de sucesso. Ou é?
Era, há 20 anos.
Minha mente limitada só consegue encontrar esta explicação para que Mellow gold, um disco ‘montado’ com gravações caseiras, totalmente lo-fi, desleixado e com letras absurdamente irônicas, já tenha vendido mais de 1.2000.000 cópias só nos EUA, onde alcançou a 13° posição nos charts em 94. Coisas que só se via – e ouvia – nos anos noventa.
Por essas e outras este texto é puro saudosismo. Saudades de quando não havia tamanho fluxo de informação e mesmo assim o mundo era mais aberto a possibilidades e experimentações, que levavam inclusive a discos de platina. Foda-se a caretice vigente.
Ouça Mellow gold na íntegra. Você merece.

