Foi com Sister que conheci o Sonic Youth, totalmente por acaso, num daqueles momentos mágicos que quando acontecem você não dá importância, até perceber que à partir dali as coisas nunca mais seriam como antes.
Confesso que não estava preparado para aquele encontro (literalmente) às escuras; meu pobre cérebro adolescente já havia absorvido barulho antes – via Jesus and Mary Chain, pelo que me lembro – mas nunca havia sido exposto a tamanha complexidade, à catarse absoluta e à estranha mistura de texturas que é este álbum.
Sister foi lançado em junho de 87 e chegou a mim através do finado selo Stilletto – que lançou o vinil por aqui – alguns anos mais tarde, no limiar dos anos 90.
Impossível lembrar exatamente as circunstâncias, mas ainda é clara na minha memória a situação: estávamos na casa de um amigo, viajando não sei do que, quando alguém chegou com um disco de capa estranha de uma banda chamada The Sonic Youth. ‘Acabei de comprar, não sei do que se trata, vamos ouvir?’.
Daí vieram as pancadas secas de Steve Shelley e as dissonâncias abrindo o pacote com “Schizophrenia”, e até hoje não consigo entender como se transforma um emaranhado de distorções numa canção assobiável. É no wave, é experimental, mas é…pop.
Esse é o caminho seguido pelo SY em Sister, do começo ao fim. Alternando e casando a urgência punk, barulho, afinações/harmonias incomuns e uma forma única de construir melodias, aqui a banda pavimentou a estrada que levaria, um ano depois, ao clássico Daydream nation. Mas isso é história pra outro dia.
Enfim, quem quiser saber mais sobre Sister pode procurar pela rede, que está repleta de textos completos e detalhados sobre o álbum. Essa história foi apenas mais uma declaração de amor à minha banda preferida.
Who cares?
Essencial!