Há sete anos não se ouvia a voz nicotinada de Tom Waits cantando em um álbum totalmente inédito. Mas devo confessar que o último disco que ouvi dele não foi Real gone (de 2004), e sim Mule variations, de 99.
Então, para mim, são 12 anos longe do cronista das tabernas enfumaçadas. Ou melhor, eram. Porque chega ao mundo este mês – oficialmente no próximo dia 25 – via Anti Records seu novo trabalho, o já preferido da casa Bad as me.
“Chicago” abre o álbum ‘suingada’, repleta de metais, com uma gaita matadora e o vozeirão de Waits dizendo que se todos abandonassem a cidade as coisas melhorariam por lá. Na sequência, o blues – que dita parte do ritmo do disco – de “Raised right man” é infernal, sujo e perfeito para noites alucinadas em busca do último gole, assim como a sugestiva “Get lost”.
Uma slide guitar em “Talking at the same time” e os sinos de “Face to the highway” são pequenas sutilezas em faixas também sutis, ao contrário da experimental, percussiva e pesada faixa-título, densa e cheia de tudo que Tom Waits vem fazendo ao longo destes muitos anos de estrada (assim como a extraordinária “Hell broke luce”).
Há o piano dolorido de “Kiss me”, com Waits falando de amor de sua maneira única (‘Você é mosca na minha cerveja…’) e a participação do sobrevivente mór do rock Keith Richards cantando e tocando guitarra em “Satisfied” e no lamento “The last leaf”, que se assemelha a outras baladas tristes presentes aqui, “Back in the crowd” e “New year’s eve”, que fecha o disco.
O que resta dizer? Tom Waits está de volta, e se Bad as me não é tão revolucionário quanto Swordfishtrombones ou Rain dogs, guarda em si muito do melhor que o sombrio homem do vozeirão fez nesses 40 anos de carreira. O que, convenhamos, não é pouca coisa.
Obrigatório!
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