Duvido você apertar o play em “Fourth pass over the graveyard”, a faixa que abre Recovery effects, e não se render a ela. Duvido! Os 6 minutos que dão início ao novo disco dos ingleses Black Delta Movement são qualquer coisa, remetendo ao funk, ao garage e à psicodelia setentistas, ao madchester e ao dub/reggae, com groove e ruído dividindo o mesmo espaço e convidando a sacudir o esqueleto de forma malemolente, chapada.

Eu desconhecia o grupo até março último, quando recebi uma notificação da Fuzz Club sobre o futuro lançamento da banda de um tal Matt Burr e fui checar. Dei de cara com a música citada no parágrafo acima e quase caí da cadeira; aos poucos fui catando uma canção e outra do álbum, até que em 14 de abril ele veio à tona por inteiro e, bicho, que disco foda!

A pegada baggy da abertura – que sim, lembra o Charlatans e um tanto do Kasabian no começo da carreira, fase em que realmente prestavam – nem é o fio condutor de Recovery effects, mais guiado por entre a lisergia (os nove minutos de transe em “Hidding in the tall grass”…) e as guitarras garageiras de Barrie Cadogan, mas é inegável a forte presença funky na cozinha formada por Lewis Wharton e Tony Coote – baixo e batera, respectivamente – e o caldo composto por essa mistura rendeu o que, pra mim, já é um dos melhores álbuns de 2023.

Ouça no talo!

 

 

Ou no spotifail

 


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