Jon Langford estava entre os fundadores do Mekons, uma das instituições do rock universal, e pelo que sei nunca arredou o pé da banda. Ou melhor, os pés e as mãos, já que segurou as baquetas da banda de Leeds até a metade dos anos 80, quando assumiu guitarras e vocais.

O Mekons é foda, todos sabem (ou deveriam saber) disso, e um dia qualquer a gente volta aqui pra falar deles. Mas hoje o papo é sobre ‘o outro’ grupo de Langford, igualmente seminal mas muito menos comentado, o Three Johns.

Claro, quem em algum momento se dispôs a mergulhar nos tantos afluentes do pós-punk já tomou contato com os três Joões, mas hoje enquanto escutava The world by storm – seu segundo disco – pensei que talvez nem todos os leitores do PCP tenham tido essa oportunidade. Ou talvez só saquem “Lucy in the rain”, clássicos dos porões paulistanos de quando eu ainda frequentava os mesmos, então decidi que seria uma boa ideia proporcionar esse encontro entre eles e vocês. Mas aí fiquei na dúvida sobre qual álbum por na roda.

Qualquer um dos discos do Three Johns vale um post, do primeiro ao último. Então me lembrei de uma coletânea lançada em 2015 chamada Volume, que compila o citado Wold by storm, seu antecessor Atom drum bop (de 84) mais todos os singles e os lados B da banda além de outra porção de faixas ao vivo, 12 polegadas e etc, num grande compêndio musical do que eles fizeram entre 1982 e 1987. E isso não é pouca coisa.

A seleta é um retrato de Jon Langford, John Hyatt, John Brennan e sua bateria eletrônica neste período; de sua verve tão esquerdista quanto a do próprio Mekons e dos conterrâneos Gang of Four (sem a sisudez), de suas experimentações sonoras que ora os assemelha um tanto ao Bauhaus, ora ao PIL e ora os põe próximos às pistas de dança do chamado ‘disco-punk’.

Aliás, falando em experimentações sonoras, talvez – apenas talvez – Langdon tenha mantido o Three Johns em paralelo ao Mekons como forma de ‘fugir’ dos caminhos seguidos por sua banda original nos anos oitenta, quando lançaram álbuns (celebrados pela crítica) nos quais, bem, digamos que abraçaram outras influências, em especial o country. E ficaram chatos para um caralho.

Divagações ou gostos à parte, negócio é que a o Three Johns é foda demais, pra mim até mais que o Mekons, tanto que em 1990 – quando não se esperava mais nada deles – tiraram da cartola um último disco sombrio e tão abrasivo quanto tudo que fizeram desde sempre, chamado Eat your sons. Mas este, bem como Death of everrything & more são outros capítulos da história dos três Joões que contaremos numa próxima viagem pela música dos caras. Por hoje ficamos por aqui. Fim da transmissão.

Ouça no talo!

No spoticuck:


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