Era uma tarde quente de verão, como hoje. Também como hoje eu emergia de uma tristeza profunda e paralisante buscando lufadas de um novo ar enquanto caminhava por entre as árvores do parque.
A luz de fim do dia brincava entre as folhas que não paravam, em movimentos lentos movidos pela brisa suave que circulava entre os galhos; tudo era meio difuso, e as cores brilhavam espantando as sombras, num balé psicodélico.
Os sentidos que andavam dormentes pareciam despertar preguiçosos, mas ávidos, buscando cada detalhe do universo que os cercava. E do cheiro da terra ao canto dos pássaros e os arrepios nos braços tudo parecia explodir, se expandindo, fugindo de uma prisão imaginária e reencontrando, enfim, a liberdade. Exatamente como agora.
O tempo segue, circular, e nada dura para sempre. Nem a dor. Feche os olhos e enxergue a beleza, deixe-se levar pelo fluxo da vida; sinta o que deve sentir, não fuja de sua essência e mergulhe em sua própria verdade.
Ou simplesmente, Mesmerise…