
Duas coisas sobre o quinteto Motorama: se você ouve a banda sem nenhuma informação prévia, muito provavelmente vai errar sua nacionalidade e sua época de atividade. Ao menos foi assim comigo.
Quando escutei a banda pela primeira vez tive a nítida sensação de que eles eram de algum lugar do Reino Unido e que a música que eu ouvia vinha de um disco gravado entre 1984/1987. Tudo errado, claro.
O Motorama vem de Rostov-on-Don, a chamada cidade do hip hop na Rússia, e seus álbuns são todos desta década. Calendar, o segundo deles, saiu em 2012 e atraiu olhares também para seu debute, Alps, de 2010. Hoje a banda – já consolidada como nome forte da nova cena pós-punk – aporta aqui com seu terceiro e recém lançado álbum, Poverty.
Apertar o play e ouvir os enxutos 30 minutos do disco é entrar numa máquina do tempo. Mais ainda que Interpol, National e outros, o Motorama vai fundo no resgate do rock sombrio e minimalista feito do final dos anos 70 até pouco além da metade dos 80’s.
Pense em Joy Division, claro, mas pense também em Felt e Durutti Column; ou seja, pense em pós-punk mas também no seu irmão jangle pop. Enfim, a receita de Poverty traz baixo paletado e bateria seca na cozinha, guitarras limpas, sintetizadores idem e vocais soturnos pra fechar o pacote dark. Se você gosta de viagens por regiões geladas e cinzentas, pode pegar a passagem que o Motorama te guiará.
Recomendado!

