Jesus não veio a mim pela primeira vez através de Darklands, seu segundo disco lançado em 87. Mas foi através dele que minha alma foi definitivamente tocada e convertida, entre vapores de vodca e os acordes de “April skies”.
Eu era jovem, e como todo adolescente oscilava constantemente entre a euforia das descobertas e a dor das perdas, ainda sem entender que ali todos os amores são efêmeros. Todos, menos o amor pela música…
‘I’m going to the darklands
To talk in rhyme
With my chaotic soul
As sure as life means nothing
And all things end in nothing
And heaven I think
Is too close to hell…’
Enquanto William cantava os versos de abertura de “Darklands” eu via minha própria vida, encobrindo com sombras a luz que insistia em entrar pela janela, tentando nublar o sol que brilhava com a certeza de que o céu era mais próximo do inferno do que supunha o universo cristão que me cercava.
Sim, se chovesse durante nove milhões de dias eu seria mais feliz, observando os céus de abril caírem sobre mim.
Os anos se passaram e o mundo permaneceu sombrio e barulhento, mas tudo isso hoje está enraizado; não há mais a necessidade voraz de fugir de ou buscar compreender a mim mesmo. E novamente ouço a voz de William…
‘There’s something warm about the rain
There’s something warm, there’s something warm
There’s something warm in everything…’
Tenho esse disco e não ouvia há tempos. Que grande disco, indispensável.
Pingback: The Underground Youth – The Perfect Enemy For God (2013) | PEQUENOS CLÁSSICOS PERDIDOS