A julgar pela capa de Observator, novíssimo álbum da dupla The Raveonettes, o que você diria? Quando bati o olho na imagem borrada de Sharin Foo e Sune Rose Wagner pensei: ou é sombrio como Raven in the grave ou barulhento como Whip it on. Sampleando Jorge Ben, ‘mas que nada…’
Observator não se parece nem com um, nem com o outro. É o trabalho mais leve da dupla dinamarquesa, longe tanto do depressivo Raven quanto do distorcido Whip (sem contar os anos-luz de distância do frenesi de In and out of control).
Pianos substituem o fuzz da guitarra, que em grande parte do disco surge limpa – como supostamente está Wagner, após a vitória sobre os excessos causados por uma depressão – e um certo romantismo parece permear, se não as letras (vide “She owns the streets”), o ‘clima’ das 09 faixas.
Esse ar menos carregado combina bem com aquela pegada inocente que o Raveonettes traz dos anos 50/60, mas não nego que senti falta do barulho e das microfonias à J&MC. Coisas de fã…
Enfim, o que se ouve em Observator não chega a ser uma nova versão da velha dupla, eles apenas parecem mais relaxados e tranquilos – talvez pelo sol de Los Angeles, onde o álbum foi gravado.
E no fim das contas, este álbum me ensinou a não criar (mais) expectativas quanto aos ravers e a apreciar seus trabalhos sem forçar comparações. Assim, Observator flui bem e mesmo nos momentos mais fracos não chega a desagradar.
Passa de ano com nota 7.
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