A síndrome do segundo disco é um mal que assola artistas mundo afora desde que a música se tornou artigo de consumo em forma de álbuns. De roqueiros à pop stars, todos que fizeram uma grande estreia sentem a pressão para repetir o êxito do debute, e muitas vezes essa pressão acaba pondo tudo abaixo.
Tulipa Ruiz faz parte do time que conseguiu suportar e superar essa pressão; ela foi além das expectativas com um trabalho que só não leva 5 estrelas por um detalhe, que eu conto logo mais.
Tudo tanto, lançado no final de julho de forma independente – mas viabilizado com o patrocínio do projeto Natura Musical – sucede Efêmera (de 2010) mostrando ao mundo uma Tulipa mais confessional, complexa e ousada. E sem ser chata, claro.
Sua voz marcante permanece a mesma, bem como a companhia do irmão (e novamente produtor) Gustavo, do pai Luiz e a presença de convidados – como Ilhan Ersahin (do Wax Poetics) e Criolo, entre outros – mas a impressão que o disco passa é de amadurecimento.
Ouvir “Ok” talvez seja a melhor forma de entender esse amadurecimento causado pela tal pressão para se repetir o sucesso: ‘Um jeito que agrade a todos…’, canta Tulipa, que, posso dizer, agradará mesmo a todos. De novo.
Tudo tanto, assim como Efêmera, funciona como um prisma pop, de diversas cores. Vai fazer a cabeça de bastiões e novatos, de indies descolados e mpbistas analíticos, porque – mesmo não sendo mais do mesmo, repetindo a fórmula de seu antecessor – é igualmente irresistível.
Dá pra dançar com “Quando eu achar” e “Expectativa”; pensar na vida com “Cada voz” (e seu ar meio pós rock, meio dub, bem moderno) e também pra passar mal, mas muito mal com o blues rasgado e soulful de “Víbora”, onde Tulipa rompe barreiras vocais, extrapolando limites e remetendo à Gal insana do fim dos 60’s/começo dos 70’s.
Aliás essa época e suas experimentações tropicalistas também surgem em Tudo tanto com arranjos orquestrados, riffs de guitarra cortantes, espasmódicos e – resumindo – na liberdade criativa, tanto nas composições quanto na esmerada produção.
O álbum só não leva 5 estrelas pela presença do insuportável Lulu Santos.
Recomendado!
P.S: Tudo tanto está disponível para download gratuito no site oficial da Tulipa.
Bela resenha!
Frequentemente recebo as atualizações daqui,só coisa fina.
Mas vou esbarrar num ponto.
Creio eu que a presença do odiado/amado Lulu Santos não faz com que o album desmereça suas 5 estrelas,até porque se formos analisar,a faixa passa longe de ser uma péssima faixa,no meu ponto de vista ficou bacana o dueto,os flertes vocais dos dois encaixam-se perfeitamente.
Talvez eu entenda sua ira conta o hitmaker e respeite a sua opnião,mas menosprezar uma faixa de boa qualidade como esta só por detestar Lulu Santos acho que não é o caso.
Enfim,parabéns pelo belo espaço musical tão bem organizado.
Oi Anderson. Valeu os elogios 😀
Ah, o lance com o Lulu santos foi mais pra descontrair e tal. não gosto do cara mesmo, mas a coisa foi mais na brincadeira que na crítica.
O disco tá perfeito, merece mesmo nota máxima.
valeu
abs
Não tem de quê Fábio.
Vc criou um espaço musical maravilhoso.
Depois irei ver os postes mais antigos,sempre recebo as atualizações via email.
É muito bom ver materiais da nossa cena postado num blog deste quilate.
Abraços.
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