
Na virada do século muita gente desesperada saiu à procura do santo graal que salvaria o rock n’ roll. De Nova Iorque a Londres, de São Paulo a Berlim, em todos os cantos do globo se caçava com urgência uma banda que colocaria novamente as guitarras nos eixos – de onde nunca saíram, na verdade – e trariam a redenção em forma de riffs.
Nessa congregação de messias, entre Strokes e outros, três moleques californianos trouxeram para a chegada do novo milênio o barulho e a estética dos irmãos Reid. Era o Black Rebel Motorcycle Club.
O primeiro álbum da banda, intitulado simplesmente B.R.M.C, saiu no ano 2001 pela gigante Virgin. Não salvou o rock, como alguns esperavam, e também não trouxe junto de si as trombetas do fim dos tempos. Em compensação, salvou uma porção de gente do tédio e no lugar das trombetas trouxe microfonia, distorções e um clima sombrio digno de qualquer pesadelo gótico.
Cada uma das 11 faixas de B.R.M.C tem em proporções iguais cargas de introspecção e intensidade, numa rara combinação. De “Love burns” a “Salvation”, Robert Turner, Peter Hayes e seu amigo inglês Nick Jago derramam sobre nossos ouvidos uma torrente de canções obscuras, guiadas por acordes básicos e distorcidos.
Até hoje esse é o caminho trilhado pelo Black Rebel Motorcycle Club – quem foi ao SWU pode conferir. Os anos se passaram, novos messias surgem (ou são criados) a cada dia, e os ex-adolescentes de San Francisco continuam vestidos de preto dos pés à cabeça, tocando rock n’ roll sem pretensões de salvar ninguém. Que continuem assim.
Altamente recomendado!
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