Até hoje não tenho certeza dos meus sentimentos sobre Is this it, o disco de estreia dos meninos ricos e sujinhos de Nova Iorque, os Strokes.
Isso é um bom sinal no fim das contas, porque significa que o disco GERA reações e sentimentos.
Musicalmente, que na real é o que importa, Is this it beira a perfeição. Seja por trazer para o novo século influências certeiras – do Television à new wave, do Velvet Undergound ao garage rock – seja por remodelar essas referências de acordo com uma visão própria de música, criando uma obra original.
O álbum se sustenta nos riffs crus de guitarra, na cozinha também básica (não há viradas em Is this it, repare) e nos vocais ora preguiçosos, ora viscerais, sempre blasé. Pegue faixas como “The modern age”, “Hard to explain”, Take or leave it”, “NYC cops”…todas são assim, e essa receita básica basta para torná-las grandes canções.

sim, nós somos modernos
O grande problema de Is this it – e de seus criadores – é o que foi feito à partir dele(s). O buzz sobre os Strokes os tornou algo que definitivamente eles não eram, e nem são: salvadores do rock e da juventude roqueira e urbana desse mundo globalizado pós-internet.
Se vestir como os Strokes e ter aquela ‘pose Stroke’ é via de regra até hoje, tocar como eles e superestimar seu debute também (veja aqui no Brasil os Sabonetes – e outras tantas bandas – ou a coletânea chamada Is this indie, com artistas brasucas refazendo as faixas do original).
Ok, este não é um problema para quem se propõe a escrever sobre música, certo? Errado!
A música não existe numa realidade paralela ou numa esfera separada do ‘mundo real’; é criada dentro do contexto social e cultural que cerca o artista. Logo, quem escreve sobre música escreve também sobre esse mesmo contexto, e se vê cercado por um mundo de iguais, de cópias, de falta de atitude e originalidade.
Mas isso definitivamente não é culpa dos Strokes!
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Estamos falando desse disco 14 anos depois né…isso diz muito.
Disco sensacional.
Me lembro bem quando (finada)a rádio BR2000rock lançou através do programa do “Maia” por sorte estava ouvindo…
Corri pra galeria e pra minha sorte(após muita procura) tinha o cd lá, e pasmem: era 15 conto e o vendedor me disse: “há já sei, é uns que fazem cover do Joy division…
Era a ressaca do OASIS, e foi sim, uma dose de água tônica com limão.
Eu tenho um bootlegs da época, e ouço até hoje.
Parabéns pela publicação.
valeu Zé! comprei o disco na época e paguei baratinho também 🙂