O produtor Brian Burton – aka Danger Mouse – ficou conhecido mundialmente em 2004, quando enlouqueceu os fãs xiitas dos Beatles cruzando seu clássico White album com o Black album do rapper Jay-Z, dando origem ao híbrido (e hoje também clássico) Grey album.
Mas o $uce$$o veio mesmo quando se juntou ao cantor (hoje da moda) Cee-lo Green sob o nome Gnarls Barkley (“Crazy”, lembram?). Menos conhecidos e muito mais bacanas são seus trabalhos ao lado do falecido Mark Linkous (do Sparklehorse) e de James Mercer (como Broken Bells).
Por sua vez, Daniele Luppi é um renomado compositor, arranjador e produtor, responsável – entre outros trabalhos menos conhecidos – pela trilha sonora do filme Maus Hábitos (não o do Almodóvar, mas o de Simón Bross).
Em comum, os dois têm a paixão pelo cinema italiano dos anos 60/70 e suas trilhas sonoras, em especial pelo compositor Ennio Morricone. O resultado desse amor chega ao mercado em 17 de maio via Capitol Records e se chama Rome.
O álbum que a dupla entrega agora aos fãs da boa música teve um longo período de gestação. Foram cinco anos trabalhando em suas 15 canções, que trazem convidados especiais: Norah Jones e Jack White soltam a voz em algumas faixas (“Season’s tree”, “Black”, “Two against one”, “Problem queen”, “The rose with a broken neck”); mas além dos dois Burton e Luppi trouxeram para Rome músicos que que tocaram com Morricone nos anos 60, reforçando a aura de tributo do disco.
Com exceção dessas faixas citadas acima, Rome é um álbum instrumental, rico em belos arranjos e harmonias, construído como uma atualização das trilhas a que presta homenagem, e ao mesmo tempo lembrando em partes a colaboração entre Danger Mouse e o Sparklehorse pela calma e fluidez que transmite.
E como não podia deixar de ser, o disco tem um pé no famoso romantismo (brega) italiano. E este detalhe acaba adicionando um certo charme, realçado principalmente pela voz suave e rouca de Jones.
Rome é um álbum pop feito por duas pessoas entendem do riscado. Não há nele ousadias ou experimentações, mas na real quem precisa de mais música cabeçuda neste 2011?
Recomendado!
Pingback: The Black Keys – El Camino (2011) « Pequenos Clássicos Perdidos