Qualquer pessoa ligada em música que tenha vivido em Detroit na terra durante os anos 80 não passou incólume por nomes como Juan Atkins, Kevin Saunderson, Derrick May e Carl Craig, referências obrigatórias quando o assunto é música eletrônica, e mais especificamente o que depois veio a ser conhecido como Detroit techno.
Mick Collins, vocalista, guitarrista e fundador do combo garageiro (de Detroit) Dirtbombs esteve nos clubes, viu esses caras tocarem, comprou seus discos e agora pôs em prática com sua banda uma das ideias mais originais dos últimos tempos: fazer versões roqueiras de clássicos do techno de Detroit.
O resultado dessa experiência é o álbum Party store, lançado em 1º de fevereiro pela In The Red Records. E para minha surpresa, as 08 faixas presentes no biscoito mostram que os Dirtbombs – que já haviam feito algo parecido, regravando clássicos da música negra no disco Ultraglide in black, de 2001 – têm a manha de reconstruir músicas, imprimindo nelas sua personalidade.
Momentos históricos da dance music são repaginados em Party store, ganhando roupagem roqueira; e onde antes havia sintetizadores, loops e drum boxes há riffs crus de guitarra, linhas de baixo e bateria orgânica (embora também haja um ou outro beat eletrônico).
Não adianta falar muito, este é um álbum que precisa ser ouvido, principalmente para quem já dançou ao som de clássicos como “Good life”, do Inner City – aqui com os vocais cheios de alma de Mick Collins – e a proto-tudo (lançada em 1981) “Shari vari”, do A Number of Names, ambas preferidas da casa.
Vale escutar as originais e depois comparar com as versões do Dirtbombs. Só não vale ser purista.
Recomendado.