A história das irmãs Scroggin é das coisas mais malucas e sensacionais já vistas: nascidas e criadas no Bronx, Deborah, Marie, Renee e Valerie ganharam da mãe ali pela metade dos anos 70 instrumentos musicais para que ficassem longe das ruas. O que nem elas nem a Sra. Scroggin sabiam era que graças a essa proteção materna as quatro adolescentes cravariam seus nomes no grande livro universal da música.

Influenciadas por funk/soul e música latina, as meninas aprenderam a tocar à base de Stones e Chaka Khan e ainda durantes o processo de aprendizagem decidiram formar uma banda; chamaram Tito Libran, percussionista da área, e assim nascia o ESG (letras das inciais dos nomes de batismo das irmãs).

Com poucos meses de vida participaram de um concurso de bandas, e mesmo perdendo chamaram a atenção de um dos juízes, Ed Bahlman, dono do pequeno selo 99 Records. O cara foi o primeiro a sacar aquela música estranha, dançante e minimalista que as irmãs tocavam, e ao invés de colocá-las no circuito disco as enfiou no rolê punk/new wave do qual já fazia parte; um dos shows agendados por ele foi a abertura para o A Certain Ratio, então o igualmente esperto Tpny Wilson chamou as Scroggin para gravar um single de três faixas pela Factory sob a tutela do malucão Martin Hannett, e assim o mundo tomava contato com “You’re no good,” “UFO” e “Moody”, as músicas mais conhecidas do ESG e sua marca d’água.

Na sequência a 99 lançou um EP do grupo com as mesmas canções e outras 3 ao vivo, e esses primeiros registros foram suficientes para pôr as gurias sob o mesmo guarda-chuvas da no wave ianque (o Liquid Liquid também era do cast da 99) e do pós-punk britânico de bandas como o próprio A Certain Ratio, Gang of Four e Glaxo Babies. Por que, talvez você me pergunte. Porque o som inicial do ESG é, mesmo não intencionalmente, irmão de sangue do produzido pelos citados no parágrafo acima. Linhas de baixo pulsantes/minimalistas e ritmo funkeado, faltando apenas a guitarra de Andy Gil hahaha.

Em 1983 veio ao mundo o primeiro disco das irmãs, Come away with ESG, e depois disso Bahlman fechou a 99 Records por estar financeira e mentalmente fodido. Assim, mesmo sendo amadas pelo pós-punks e afins, pelos DJs dos clubes novaiorquinos, pelos rappers que sampleavam sua música e por todos que as descobriam (inclua aí Beastie Boys e tantos outros), as gurias do ESG não tinham grana nem vontade de seguir adiante. Reconhecimento não paga as contas…

Até que à partir dos anos 90 e de forma bem espaçada, a Fire Records e a Soul Jazz as resgataram e elas retomaram sua carreira, mas isso é conversa pruma próxima rodada. Hoje a gente põe na roda a super compilação Dance to the best of ESG, lançada em 2010 pela Fire e que reúne tudo das meninas – inclusive duas outras coletâneas da Soul Jazz – e mostra de A a Z o porque do ESG ser considerado tão influente.

Caso as desconheça, aperte o play e descubra. Caso já as saque, hora de redescobrir o poder das Scroggin Sisters.

Essencial!

 


Uma resposta para “ESG – Dance To The Best Of ESG (2010)”.

  1. […] de Stereolab no álbum e em toda a trajetória do Bas Jan, bem como de Lizzy Mercier Descloux e ESG, Brian Eno e disco/synth pop. Essa porção de boas referências e a forma como as moldam dá uma […]

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