O DAF ou D.A.F (Deutsch Amerikanische Freundschaft) é parte da cena que ficou conhecida como neue deutsche welle, algo como a new wave alemã, que também serviu como guarda-chuvas pra similares a eles como Neubauten e outros nem tanto como Nena e Trio. Isso é história, assim como o fato de Gabi Delgado e Robert Görl serem pioneiros da música industrial e todos seus tentáculos e também de serem os primeiros artistas a lançar um disco pela Mute Records.

O que a história deixa de lado é que ela mesma relega o DAF ao esquecimento, ao menos fora dos guetos compostos por junkies musicais, onde ‘todo mundo’ cita Blixa Bargeld mesmo que Delgado e Görl tenham chegado antes ao acetato. Enfim, só mais uma reclamação de um velho chato.

Quando decidi por um dos álbuns do DAF pra rodar aqui fiquei em dúvida entre a apocalíptica estreia da dupla (Ein Produkt der Deutsch-Amerikanischen Freundschaft, de 79) e Die Kleinen und die Bösen (o citado debute da Mute), que saiu no ano seguinte e funcionou como uma ponte entre o caos experimental dos primeiros anos e o que fizeram depois. Daí decidi partir pro tal depois.

Mas aí eis que surge mais uma questão: Gold und Liebe ou Alles ist gut, ambos de 1981? Decidi pela capa com Gabi Delgado posando suado no pós-sexo (brincadeira. Ou talvez não hahaha).

Assim, optei por Alles ist gut – além da capa e entre outras coisas – porque ele é, de uma forma muito improvável e incrivelmente surreal, o álbum onde está o grande hit do DAF, “Der Mussolini”, que coloca o citado facho, seu parça Adolf Hitler e Jesus num fervo sensual impensável para se tornar sucesso. Mas o que são probabilidades, não é mesmo? (Numa daquelas sinapses estranhas me lembrei da história de Murder Ballads, de Nicolas Cavernoso).

Bom, mais que fazer descer até o chão (risos histéricos) com os três personagens de “Der Mussolini” – que nitidamente ‘inspirou’ “Some velvet morning” na versão do Primal Scream) – Alles ist gut é, resumidamente, um dos pilares onde se construiu a EBM. Mais sombrio e tenso que seu irmão de 1981, mas igualmente dançante, o álbum é construído entre batidas pesadas e minimalistas acompanhadas por linhas de synth e baixo idem; some aí o vocal ultra-macho (mais risos) e você tem a fórmula que deu origem a Front 242, Nitzer Ebb, A Split Second e influenciou outros tantos como Vitalic e DJ Hell.

Caso desconheça o DAF, recomendo que comece por aqui e depois volte algumas casa até o início de tudo. Qualquer dia desses retorno aqui pra falar, quem sabe, das 22 faixas sem nome de seu debute. Ou de quando eles se assumiram pop, gravaram em inglês e escancararam a safadeza para depois evanescer.

Por hoje, recomendo aumentar o volume e escutar Alles ist gut no talo.

 

 

No Spotifuck

 


Uma resposta para “DAF – Alles Ist Gut (1981)”.

  1. […] de assumir a persona Pyrolator, Dahlke tocou com o seminal DAF, mas logou pulou fora para formar o Der Plan; enquanto isso acontecia (em 1979), fundou com os […]

Deixe um comentário