Tenho algumas vagas lembranças de quando Trent Reznor veio ao mundo com o Nine Inch Nails. Ali, no começo dos anos 90, quando eu começava a descobrir música pra valer, uma das paradas que mais gostava era a música eletrônica pesada E dançável; na minha cabeça era mais ou menos como se aquela cena toda de gente como Front 242, Split Second e outros (misturada à new beat, claro) fosse a versão Darth Vader do Kraftwerk, urrando sobre batidas e synths que faziam “Boing boom tschak” parecer saída do pianinho de 8 teclas que tinha na infância. Daí veio “Head like a hole” abrindo Pretty hate machine

Sim, aquilo era basicamente igual à EBM e afins, mas ao mesmo tempo não era. Era maquinal, tinha o peso, sacolejava cada milímetro do corpo, mas era mais…humana e pop, na falta de uma definição mais precisa. Muito devido ao homem que cantava sobre o deus dinheiro.

A presença de Reznor à frente do NiN fazia toda a diferença em relação a seus predecessores industriais, porque pra além da fúria característica do gênero e seus afluentes era possível distinguir o que ele cantava e suas letras eram basicamente sobre angústias reais, de uma pessoa real e torturada por esses sentimentos ruins.

Óbvio que para além da figura daquele homem maravilhoso havia a produção de Pretty hate machine. Não me recordo, mesmo hoje, de artistas ligados à EBM/Industrial que tenham feito algo como este disco antes dele (nem o Revolting Cocks hahaha), com exceção à alguns vislumbres em canções esparsas como “Los niños del parque”.

O casamento entre o universo sombrio e o potencial alcance para além dos guetos que o NiN realizou já em sua estreia (e consolidou em The Downard spiral) fez muitos puristas torcerem o nariz para o disco e banda, mas eles que se fodam, claro descortinou uma cena que até então era restrita à inciados para um monte de gente ávida pelo novo, e porra, músicas como “Down in it”, “Ringfinger” e “Sin” – até hoje e eternas prediletas da casa – eram, definitivamente, o novo.

E mais cedo quando pus Pretty hate machine pra tocar me dei conta de que foi lançado há 34 anos (!), mas diferente de tantos e tantos similares contemporâneos, ele envelheceu tão bem quanto o homem que o pariu.

Essencial!

 

 

Ou na porra do spotifail

 


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