Pra quem não é ligado à música no sentido radical do termo, deve ser um porre acessar internet/redes sociais num dia como hoje. ‘Por que tanta gente compartilhando fotos, vídeos, músicas e textos sobre Aretha Franklin? Ela já vinha doente há tempos, tinha 76 anos, todos sabiam que ia morrer, etc’.
O que essas pessoas não entendem é que o sentimento de tristeza com a partida de um artista como Aretha, Bowie, Prince, Joey, Lou e tantos outros não está ligado apenas ao fato da morte física, do desencarne; o buraco que eles deixam em nossos corações, as lágrimas que escorrem (enquanto escrevo esse pequenos texto), toda a comoção em torno deles se dá porque suas canções se tornaram parte de nós, e isso só quem sente a música além de ouví-la pode experimentar.
Por isso neste 16 de agosto, quando soube que Aretha Louise Franklin foi-se embora do nosso planetinha azul, decidi ouvir Lady soul, o primeiro disco dela que escutei na vida, um dos primeiros álbuns de soul que ‘chamei de meu’ e que há tantos anos me acompanha entre tristezas e alegrias, entre porres solitários e dancinhas de rosto colado na madrugada.
Não cabe entrar em detalhes, mas cada uma de suas músicas me conta uma pequena história diferente e ao final de “Ain’t no way” é como se eu tivesse assistido a um curta-metragem contando parte da minha vida, numa narrativa não-linear, complexa, esburacada, mas sempre, sempre, com a alma do personagem principal à frente e exposta, como nas canções da Rainha do Soul.
Descanse em paz, Aretha! ❤
Não consigo dizer que é uma perda, pois ela cumpriu seu papel no planeta azul. Deixou músicas incríveis e uma voz sem igual. Que ela descanse em paz.