Chega a ser surreal escrever sobre um lançamento do Second Come. A banda carioca foi formada no final dos anos 80 e durante os anos seguintes fez parte da formação musical de um sem número de pessoas que de alguma forma eram ligadas ao rock alternativo. E aí eu me incluo.
Seus dois discos oficiais, You (1993) e Super kids, super drugs, super god and strangers (1994) são referências absolutas quando o assunto é indie rock tupiniquim e depois deles…bem, depois dele só houve silêncio, ao menos até agora.

O Second Come versão 2016
Isso porque os caras, que vem se reunindo há algum tempo pra fazer shows com uma versão reestruturada do grupo (Fabio Leopoldino, um dos fundadores, morreu em 2009) lançaram ontem, no apropriado dia da independência, um novo single. 22 anos após Super kids, veio ao mundo “Oppenheimer regret”.
Primeira coisa a ser dita: o vocal do Kraus continua o mesmo, aquela mistura de J Mascis e Frank Black, preguiçoso e nasalado; o que mudou – e muito – nesses tantos anos foi a qualidade de produção. Mesmo ainda sendo uma legítima guitar band, o Second Come deixou pra trás o clima lo-fi dos primeiros registros e fez um baita trabalho técnico em “Oppenheimer regret” (gravação e mixagem ficaram por conta de André “Nervoso” Paixão, que também tocou teclado na faixa).
Esse mesmo tempo que se encarregou de dar maior qualidade à banda lhes diminuiu o punch – ao menos neste single. Mas isso era esperado, afinal os caras não são mais os moleques que em 93 ‘se sentiam como se não soubessem o que estavam fazendo’ e acelerevam pra cima da Madonna com sua versão de “Justify my love”.
Enfim, “Oppenheimer regret” é o belo e esperado retorno de uma banda que há mais de 20 anos ajudou a plantar as sementes do que hoje pode-se chamar de cena independente nacional, que mesmo (ainda) fragmentada leva o bom rock de guitarras em frente. E se à época não tiveram o devido reconhecimento, que o erro não se repita.
Yeah!! Rockin’ bones…