Se você pesquisar Happy Mondays pela rede invariavelmente vai encontrar referências a drogas. Porque em primeiro lugar o termo é uma gíria para a ressaca do ecstasy, aquela sensação que, bem, só quem conhece sabe realmente como é; e segundo, é o nome de uma das bandas mais associadas ao uso de drogas de todos os tempos.
Os Mondays – como a maioria de seus conterrâneos e contemporâneos – surgiram muito antes do Madchester vir à tona e tornar a cidade do norte inglês a meca musical do planeta. Ainda no início do 80’s os irmãos Shaun e Paul Ryder e os parceiros Mark “Moose” Day, Paul Davis e Gary Whelan já estavam na ativa, muito provavelmente perturbando as boas famílias inglesas. Alguns anos depois entraram em cena o impagável Bez e a cantora Rowetta Satchell, e em 1990 o time estava completo para dar ao mundo o que o mundo precisava: pílulas, arrepios e dores de barriga.
Se Squirrel and G-Man Twenty Four Hour Party People Plastic Face Carnt Smile (White Out), produzido por John Cale e lançado em 87, e Bummed, produzido pelo genial e insano Martin Hannett e lançado em 88 já davam pistas sobre quem eram aqueles moleques chapados, foi em Pills ‘n’ Thrills and Bellyaches que os encrenqueiros de Manchester encontraram – e depois perderam, claro – a fórmula da felicidade sem fim.
Lançado há 26 anos, Pills foi produzido por Paul Oakenfold e Steve Osborne e graças a esses dois os Mondays puderam expor sua verve mais híbrida; ali o cruzamento genético entre rock e dance music gerava algo incrivelmente orgânico e sacolejante, com a malemolência (preguiça, na real) dos vocais de Shaun Ryder servindo como o creme de MDMA na cobertura desse space cake.
Dali em diante o caldo entornou várias vezes, os malucos ainda permaneceram em cena por alguns anos (tocaram no Brasil em 1991), mas na real estavam pouco se fodendo para a própria importância na música, queriam mais curtir a brisa e tocar o terror. Enquanto muitos comedores de ecstasy pregavam ‘peace, love, unity and respect’, Ryder, Bez e cia. estavam mais interessados em todo tipo de comportamento ‘socialmente inaceitável’, e das pastilhas e baseados iam sem pensar para o crack e as tretas.
No filme A Festa Nunca Termina é possível ter uma ideia de como eram os caras, de como chegaram a Pills and thrills…, de como foram fundamentais para a música e para a falência da Factory Records (Tony Wilson era o próprio Buda, só digo isso).
E se Manchester durante um período da história se tornou o centro do universo e passou a ser chamada de Madchester, muito se deve aos Mondays. Principalmente o ‘mad’ que nomeou a cidade e a cena.
Essencial!