
Fade, o décimo terceiro álbum da longa – e a meu ver irretocável – carreira do trio Yo La Tengo foi o primeiro álbum que ouvi em 2013. Na verdade, o primeiro álbum de 2013 que comecei a ouvir já em 2012, e me fez crer que este seria um bom ano, porque a música exerce esse poder inexplicável sobre mim.
Lançado via Matador Records em 15 de janeiro, este novo trabalho de Ira, Georgia e James é o primeiro desde 1993 sem a presença do produtor Roger Moutenot, que passou o bastão a John McEntire (Tortoise). Mas a troca de produtor não alterou em nada o DNA da banda; Fade é puro Yo La Tengo.
“Ohm”, a faixa de abertura, traz à memória o período entre Painful (1993) e I can hear the heart beating as one (1997): é a mais longa e distorcida do disco, com uma percussão constante, repetitiva e um clima de mantra. A letra, tal qual nas outras nove canções de Fade, é quase confessional, algo como um exorcismo de tudo pelo que a banda já passou em quase três décadas de atividade.
“Paddle forward” e a delicada “Stupid things” são os outros dois momentos ‘upbeat’ do álbum, que guarda para seu fim uma surpresa com um horn (instrumento de sopro) conduzindo o ar orquestral e grandioso – para os padrões Yo La Tengo – de “Before we run”.
Nas demais músicas, Fade é um álbum lento e – assim como toda a discografia dos três amigos de Hoboken – igualmente outonal e reflexivo, distante como o céu azul de um dia gelado. Seu andamento sugere melancolia, mas se aproxima mais do relaxamento e, por que não, de uma boa tarde preguiçosa.
E após tantos anos juntos, talvez seja exatamente assim que o Yo La Tengo se sinta. Afinal manter-se na estrada – e honesto consigo e com os fãs – por tantos anos, sendo acusado por muitos de cópia barata do Velvet Underground, de banda pequena (mesmo sendo influência para um sem número de outros grupos) e etc deve encher o saco. Acho que eles apertaram o botão do foda-se. De uma forma delicada e intimista, claro, mas ainda assim um belo foda-se.
Recomendado!
