
A história deste álbum não está bem clara, e por mais que tente apurar você acaba sempre dando com os burros n’água.
Teoricamente, Ucla é um álbum do rapper Blu – que já apareceu por aqui ao lado do maluco Gonjasufi – produzido pelo mão-santa do hip hop Madlib. Mas pouco após surgir na rede, um dito produtor de Madlib disse que ele não tinha nada a ver com o projeto, e a coisa toda ficou nublada.
E o disco, que surgiu do nada no Bandcamp de Blu, desapareceu de lá tão rápido quanto apareceu.
Apesar de sua história mal resolvida (ou mal apurada), Ucla é um álbum ímpar. Longe das superproduções, parece ter sido gravado em casa, soando absolutamente lo-fi. Se isso é proposital ou não, ainda não se sabe.
Negócio é que suas 14 faixas são construídas com inúmeros samples recortados da soul music, do funk, do reggae, do rock (é possível ouvir a guitarra de “Foxey lady” em “Call my nga”) com colagens de vocais ragga, graves ampliados, tudo colocado como base ao fundo para os vocais de Blu e convidados.
O ‘ao fundo’ escrito acima não é modo de dizer. Essa verdadeira colcha de retalhos utilizada nas bases das músicas parece ter sido lavada até desbotar; ou num universo paralelo ter sido feita por roqueiros como Lou Barlow ou Dirty Beaches.
As rimas surgem altas por sobre a baixa fidelidade dos beats, e essa é a graça de Ucla. Se fosse produzido como mais um disco de rap ou seria tosco e pobre ou enfeitado demais; mas o trabalho aqui foi feito de forma a deixá-lo fora desse circuito oficial.
No final das contas, pouco importa quem produziu Ucla. O importante é que ele é um disco fora dos padrões, e merece uma orelhada – mesmo de quem não costuma abrir espaço para o hip hop atual. Como eu.
Recomendo!
P.S: A capa de Ucla que estampa esse texto foi editada.
