Primal Scream – Vanishing Point (1997)

Após derreter o mundo com Screamadelica, em 91, era de se esperar que o Primal Scream lançasse outro álbum revolucionário. Mas não foi bem assim!

Give out but don’t give up (de 94) nem é ruim, mas se usarmos Screamadelica como comparação, não passa de um disco de rock mediano, longe das inovações e do crossover entre rock, dance music, soul, dub e tudo mais que caracterizava o som da banda então.

Mas três anos depois eles se redimiram…

Vanishing point é um mergulho profundo num universo junkie, carregado de anfetaminas, velocidade, linhas de baixo funkeadas, descontrole, sujeira, mais anfetaminas, sujeira, samples, e muitos, muitos ruídos.

Inspirado no filme homônimo, o álbum é o retorno do Primal Scream à música híbrida. Contando com Mani (ex-Stone Roses) no baixo, a banda usou o dub como base para criar aqui a própria trilha sonora da insanidade.

A funkeada “Burning wheel” já abre Vanishing point deixando claro que o poço está novamente em chamas para Bobby Gillespie e cia. O clima estático de Give out parece ter ficado para trás há décadas; o negócio agora é dançar, sem regras, sem limites.

O disco tem também faixas instrumentais, movidas à eletrônica, baixo e alucinações diversas. A leseira bicuda de “Get duffy”, a ciclônica “If they move, kill em” (remixada por Kevin Shields em XTRMNT, três anos depois) e “Trainspotting” – provavelmente a melhor música dos anos 90, trilha sonora do filme de mesmo nome – são o Prml Scrm na essência, levando a música a outros níveis.

Além disso, Vanishing point traz em sua receita explosiva o rock setentão modernizado (“Medication”), a ode ao descontrole (“Out of the void”), o dub vertiginoso (“Stuka”) e a cover de “Motorhead”, do Motorhead, reconstruída aqui como um techno destruidor, arrasa quarteirão.

Se o Primal Scream é uma banda decadente, que desde Evil heat não lança nada relevante, tudo bem. Durante 10 anos eles lançaram três álbuns que deram novos contornos à música alternativa, e Vanishing point – o filho do meio – por si só já compensa os erros posteriores.

Essencial!


7 respostas para “Primal Scream – Vanishing Point (1997)”.

  1. […] homônima em 2004: beats + riffs, ou a mesma druggy rocker dance music criada lá atrás por Primal Scream e cia. de Manchester. Boa faixa, mas clássica? Pera […]

  2. […] suas primeiras produções eram mais iluminadas pelo fogo do dub, com muita influência do Primal Scream em Vanishing point, Ghost horses – o novo EP – é mais sombrio, gelado e […]

  3. […] “Black sattin”, sampleada pelo Primal Scream em “Burning Wheel” […]

  4. […] Beaultiful future (2008), então o que esperaria eu, um sujeito que cresceu ouvindo Screamadelica, Vanishing point e XTRMNTR, após esses fracassos? […]

  5. […] hop sem rimas, há um remix de Kevin Shields para “If they move kill em'”, do álbum Vanishing point – que pode ser tido como o ponto de ruptura dos Screamers com o passado -, há shoegaze […]

  6. […] Esperar que o Primal Scream lance dois grandes discos em sequência é como esperar honestidade do PMDB. Ok, posso estar enganado quanto ao partido, mas mesmo forçando a memória não me recordo de um episódio honesto vindo do ex-MDB; já os escoceses conseguiram realizar a façanha com a dobradinha Vanishing point/XTRMNTR. […]

  7. […] The original Memphis recordings saiu em 12 de outubro do ano passado como CD duplo, custa por volta de 12 euros mas só vale como ítem de colecionador. Não muda em praticamente nada o que é Give out, e caso queriam conferir abaixo vai uma playlist completa com todas suas 24 músicas. Caso contrário podem pular direto para 1997 e o retorno do Primal Scream ao que fez deles revolucionários. […]

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