
A carreira dos islandeses do GusGus pode ser dividida basicamente em dois momentos: o primeiro entre 1995 (quando surgiram) e 1999 (quando lançaram This is normal, seu último álbum pela 4AD); e o segundo de Attention (disco de 2002) até agora.
Isso porque na virada do século o ‘combo’ GusGus – que contava então com nove membros, entre músicos, designers, artistas visuais, etc – foi reduzido a 4 DJs. Musicalmente houve então uma ruptura, e o já mutante grupo perdeu (ou abandonou) a aura indie e mergulhou definitivamente na dance music (ainda que não tão convencional).
Ainda dentro desse segundo momento, outra guinada foi a assinatura com o incensado (não sem motivos) selo alemão Kompakt, por onde lançaram em 2009 o álbum 24/7 e por onde lançam agora em maio seu novo trabalho, Arabian horse.
De cabo a rabo o disco pega pelos calcanhares e arrasta para a pista de dança gelada criada pelo GusGus em “Believe”, faixa clássica de 1997. Flutuando tranquilamente entre o house (mais) e o techno (menos), as 10 tracks de Arabian horse vêm cobertas de camadas e mais camadas de sintetizadores e têm no recheio muitos vocais, cortesia de Daniel Agust (que cantou na citada “Believe”), Urdur “Earth” Hákonardóttir (na banda desde 2002) e Högni Elisson (do grupo Hjaltalín).
Tanto os synths quanto os vocais ajudam a reforçar o clima old school do álbum (muitas pitadas de acid house), que não acelera muito e não vai – ainda bem – na trilha fácil do frenesi ‘feito para raves’, permanecendo mais próximo ao minimalismo. Por outro lado, as esquisitices que o GusGus apresentou em seus primeiros discos também ficaram de fora, então…
No final das contas, Arabian horse não foge da oscilação entre sofás e pistas que é marca dos islandeses. Mais para dançar, é verdade, mas serve também como um álbum relaxante, de paisagens frias e tranquilas. Tudo depende do seu feeling.
Pode-se dizer que é um disco de fácil digestão, embora isso não significa que fãs de Lasgo e afins irão gostar. É pop, mas não é passageiro.
Recomendado!

