Há 10 mil anos atrás foi o disco de Raulzito que me pegou de jeito, que me fez querer saber mais sobre o tal ‘maluco beleza’ e me levou ao resto de sua discografia.
Lançado há 40 anos o quinto álbum do baiano foi e é meu parceiro em monólogos mentais silenciosos e/ou em cantorias descontroladas pelo trânsito de SP, na sala de casa e onde quer que eu o ouça.
Na adolescência foram incontáveis noites chapadas ouvindo suas 11 faixas e absorvendo as muitas filosofias de Raul, exorcizando fantasmas e neuroses ao som de “Ave Maria da rua” e “Canto para minha morte”, refletindo sobre um futuro possível com “Meu amigo Pedro” ou simplesmente viajando profundamente pela riqueza instrumental de “O homem”.
Riqueza aliás que é uma das marcas de Há 10 mil anos atrás. Os timbres de bateria, o volume e as linhas do baixo, os arranjos orquestrados, a influência de soul music, tudo parece servir como uma estrada lisa para as ideias de Raulzito correrem livres, anarquistas e estranhamente espiritualizadas, prato cheio pr’um (eterno) moleque sedento por novos caminhos.
Este foi o último álbum de Raul na Philips (onde foi executivo) e marca o rompimento de sua parceria com Paulo Coelho, com quem voltaria a trabalhar dois anos depois no álbum Mata virgem, outro predileto da casa sobre o qual falaremos qualquer dia desses, entre uma cerveja e outra.
Disco de cabeceira!