Talvez, apenas talvez para alguns jovens entusiastas do techno os nomes Model 500 ou Juan Atkins – o homem por trás do projeto – não signifiquem nada. Mas quero acreditar que estou falando bobagem, afinal qualquer fã de techno, dos ravers anfetaminados aos já idosos (ou ‘old school’) como eu SABEM o que significam estes nomes, não?
Então já que é desnecessário falar qualquer coisa sobre Detroit nos anos 80, sobre o próprio Model 500, Cybotron, Inner City e afins, vamos ao ponto. Em 2015 Atkins completa 30 anos de carreira, e pra comemorar resgatou sua alcunha primordial e após 16 anos sem lançar material sob este codinome o mestre pôs no mercado em fevereiro último, através de seu selo Metroplex, um álbum inédito. Com vocês, Digital solutions.
O disco de nove faixas divide opiniões, mas é consenso o fato de não ser, em nenhum aspecto, inovador. Atkins, que contou com uma força de Mike Banks na produção de Digital solutions, não apostou suas fichas na tendência sombria e minimalista que há anos orienta o grosso das criações quando o assunto é techno.
A bem da verdade o álbum soa como Atkins soava lá nos anos 80, escorrendo electro por cada poro e remetendo ao futuro robótico e sintetizado previsto por ele, Banks e outros pioneiros há 30 anos. Isso é ruim? Obviamente não. Se há alguém que não deve nada à música, esse alguém é Juan Atkins, um sujeito que ajudou a construir uma cena que hoje já tem história e é consolidada; e se ele repete a história é justamente por já tê-la escrito.