
A canadense Claire Boucher, aka Grimes, faz uma música difícil de se enquadrar em alguma ‘cena’. A título de referência, o projeto pode ser encaixado – de forma meio desajeitada – no tal witch house, o som dos góticos moderninhos onde também estão nomes como Salem e a preferida da casa Zola Jesus.
Devaneios à parte, o negócio é que a moça acabou de lançar seu debute pelo lendário selo britânico 4AD, o aguardado Visions.
Nada mais natural que o álbum sair pela 4AD, que desde sempre põe no mercado a vanguarda da música gótica (Dead Can Dance, Cocteau Twins) e também estranhos híbridos (como o tUnE-yArDs). Numa leitura rasa, Visions é exatamente isso.
Nas 13 faixas de seu terceiro disco a jovem Grimes mescla beats eletrônicos vintage – pense na Madonna dos anos 80 (sério) -, sintetizadores sombrios, dubstep, Cocteau Twins, Tetê Espíndola (!) e uma estética lo-fi (menor, provavelmente graças à 4AD), num caldo estranhamente interessante.
Visions é experimental, mas ao mesmo tempo é pop. É bastante dark e a voz de Boucher poderia estar naqueles (assustadores) filmes de terror onde a protagonista é uma criança; mas quando é menos fantasmagórica e mais infantil a veia de cantora pop salta.
No frigir dos ovos Visions deve agradar diferentes públicos de diferentes idades. Os mais velhos, fãs de cold wave e afins; os mais jovens, fãs de witch house e afins; e os diggers, fãs de todos os afins imagináveis e ávidos por novidades. Mesmo que elas sejam retrô.
