Um pé no Chile, outro nos EUA. Um ouvido em Philip Glass, outro no Kraftwerk (ou no conterrâneo Ricardo Villalobos). Essa pode ser uma breve descrição de Nicolas Jaar e sua música.
O jovem nova iorquino de 21 anos começou a produzir por volta de 2004, e se seus primeiros singles – “Russian dolls”, por exemplo – apontavam em direção a pistas de dança (ainda que não convencionais), seu primeiro álbum cheio, Space is only noise, aponta em direção oposta.
O disco (lançado em fevereiro pela Circus Company) é espacial no sentido mais profundo da palavra. Sintetizadores, pianos, cordas, vozes (sampleadas ou não) esporádicas, batidas lentas, tudo parece ser adicionado em cada uma das 14 faixas com o propósito de levar o ouvinte ao transe.
Space is only noise também tem um bocado de jazz em seu DNA, assim como tem IDM, psicodelia, house, vocais à Nick Cave meio perdidos, dub, minimalismo…é meio eletrônico, meio orgânico e um tanto indecifrável, distorcido e frio.
Não consigo traçar um paralelo entre o debute de Nicolas Jaar e nada contemporâneo (talvez por pura ignorância). Música melancólica, densa, hipnótica e estranhamente sensorial. Algo entre o clássico e o moderno. Algo altamente recomendado!