Wonky é uma palavra bastante usada desde os anos 90 para definir um sub-gênero do techno, no qual produtores como Si Begg e Neil Landstrumm, entre outros, estão inseridos. No wonky techno o lance é ‘entortar’ de alguma forma as batidas 4X4, subverter, desacelerar, enfim, sair dos padrões básicos.

Wonky também é uma gíria para Special K, a quetamina, um potente anestésico animal utilizado por muita gente em forma de pó para, em uma palavra, se perder (como em “Lost in the k hole”, dos Chemical Brothers).

E finalmente, Wonky também é o nome do oitavo álbum dos irmão Phil e Paul Hartnoll, mais conhecidos como Orbital.

“New France”, com a participação da gótica Zola Jesus

As duas referências à palavra wonky se encaixam neste novo disco da veterana dupla de música eletrônica, primeiro em 8 anos. Aliás, de uma forma ou de outra, se encaixam em suas produções desde o homônimo debute, do distante ano de 1991.

Com Wonky – lançado pela ACP no dia 02 de abril – os irmãos Hartnoll, já na casa dos 40, trazem para 2012 ecos dos anos 90, mas mostram também que não pararam no tempo e nem são imunes a ele.

“Wonky”, com vocais de Lady Leshurr

Há no álbum horas de imersão e relaxamento (“One big moment” o abre bem preguiçosa), de euforia contida e minimalista (na sequência com “Straight sun”), de saudosismo acid house (“String acid”), de batidão electro (“Wonky”), de simplesmente dançar (“Where is it going?”) e de soar moderno (no stepper nervoso à High Tone “Beelzedub”).

Tudo isso é feito à moda Orbital, meio flutuante, repleto de sintetizadores – muitos deles nitidamente vintage – e com um ar meio etéreo, viajante.

“String acid”. 91 é agora!

Wonky pode não ser um trabalho transformador ou impactante como os primeiros discos do Orbital, mas traz o duo – com classe – de volta à baila, mostrando que eles ainda estão em forma tantos anos e raves depois.

Recomendo.


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